23 abril 2015

Meu medo não é de monstro, é de solidão


Pode parecer a ideia mais sem noção, mas acontece comigo.

Eu tenho medo de envelhecer.

Não tenho medo de ter rugas ou das dificuldades que a idade impõe. Mas tenho medo de que a idade não traga perto de mim as pessoas que amo. Tenho medo da solidão.
Tenho medo de ser esquecida, ninguém quer isso, afinal a lembrança nos torna imortais. Tenho medo que todas as minhas histórias que formam a moldura da minha vida sejam apagadas como tinta guache na chuva. E tenho medo da solidão que possa se formar na minha mente, não quero esquecer as coisas boas, como quando vi o rostinho dos meus irmãos mais novos pela primeira vez, o cheiro de bolo saindo do forno em um sábado à tarde, as borboletas no estomago e o meu primeiro amor.
Essas mentes de hoje são cada vez mais ocupadas e se enchem de novidades todos os dias, é possível que ainda haja lugar para a lembrança de um idoso?
Gosto de manter coisas que considero importantes guardadas e sempre vasculhar para ter certeza que lembro de porque tal coisa está guardada, tento manter as memórias sempre vivas dentro de mim.
Vou fazer tudo que puder para não me tornar um esquecimento. Eu poço não ter mais forças, mas tenho que ter minhas memórias. 
E no final dos meus dias, fecharei os olhos e vou pensar, posso ser feliz porque nunca estive sozinha.

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